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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Anorexia, Bulimia e Vigorexia

A anorexia nervosa é uma disfusão alimentar, caracterizada por uma rígida e insuficiente dieta alimentar (caracterizando em baixo peso corporal) e estresse físico. A anorexia nervosa é uma doença complexa, envolvendo componentes psicológicos, fisiológicos e sociais. Uma pessoa com anorexia nervosa é chamada de anoréxica. Uma pessoa anoréxica pode ser também bulimica. A anorexia nervosa afeta primariamente adolescentes do sexo feminino e jovens mulheres do Hemisferio Ocidental, mas também afeta alguns rapazes. No caso dos jovens adolescentes de ambos os sexos, poderá estar ligada a problemas de auto-imagem, dismorfia, dificuldade em ser aceito pelo grupo, ou em lidar com a sexualidade genital emergente, especialmente se houver um quadro neurótico (particularmente do tipo obsessivo-compulsivo) ou história de abuso sexual  ou de bullying. A taxa de mortalidade da anorexia nervosa é de aproximadamente 10%, uma das maiores entre qualquer transtorno psicológico.

Sintomas

·             Peso corporal em 85% ou menos do nível normal.
·             Prática excessiva de atividades físicas, mesmo tendo um peso abaixo do normal. Comumente, anoréxicos vêem peso onde não existe, ou seja, o anorético pensa que tem um peso acima do normal.
·             Em mulheres, ausência de ao menos três ou mais mestruações. A anorexia nervosa pode causar sérios danos ao sistema reprodutor feminino.
·             Diminuição ou ausência da líbido; nos rapazes poderá ocorrer disfunção eretíl e dificuldade em atingir a maturação sexual completa, tanto a nível físico como emocional.
·             Crescimento retardado ou até paragem do mesmo, com a resultante má formação do esqueleto (pernas e braços curtos em relação ao tronco).
·             Descalcificação dos dentes, carié dentaria.
·             Depressão profunda.
·             Bulimia, que pode desenvolver-se posteriormente em pessoas anor
·             Tendências suicidas.
éxicas.


A anorexia possui um índice de mortalidade entre 15 a 20%, o maior entre os transtornos psicológicos, geralmente matando por ataque cardíaco, devido à falta de potássio ou sódio (que ajudam a controlar o ritmo normal do coração). Pode ser causada por distúrbio da auto-estima.

 Causas e grupos de risco

A anorexia nervosa afeta muito mais pessoas jovens (entre 15 a 25 anos), e do sexo feminino (95% dos casos ocorrem em mulheres). Tem sido enfatizada, em debates populares, a importância da mídia para o desenvolvimento de desordens como anorexia e bulimia, por alegadamente promover ela uma identificação da beleza com padrões físicos de magreza acentuada. Qualquer papel a ser exercido pela cultura de massa na promoção dessas desordens, no entanto, está ainda para ser demonstrado. Na busca da etiologia de perturbações da saúde mental, inclusive da anorexia nervosa, comumente são procuradas causas de ordem intrapsíquico, ambiental e genético.
Até agora, os seguintes fatos têm emergido na busca das causas desse transtorno:
Causas genéticas/ambientais:
·               Estudos sobre desenvolvimento de transtornos alimentares envolvendo irmãs gêmeas têm sugerido um fundo genético para o desenvolvimento da anorexia.
·               Pais e mães de pacientes diagnosticadas com essa desordem possuem, relativamente a grupos de comparação da população não seleta, níveis mais elevados de perfeccionismo e preocupação com a forma física.

Características sociopsíquicas de anoréxicas:
·               Independentemente do subtipo de anorexia desenvolvida, restritiva ou purgativa, anoréxicas possuem, relativamente a pessoas saudáveis de sua idade e sexo, uma incidência maior de transtornos da ansiedade (especialmente o transtorno obsessivo-compulsivo) e do humor.
·              Níveis exageradamente elevados de perfecionismo (busca por padrões de conquista e realizações notavelmente altos, necessidade de controle, intolerância a "falhas" ou "imperfeições") são comuns, e mesmo centrais, no desenvolvimento da anorexia. A presença dessa busca por padrões de perfeição transcende o desenvolvimento da doença, sendo anterior a ela e permanecendo em pacientes que já foram curadas da doença. Alguns estudos sugerem que, apesar de uma inteligência média na faixa regular, anoréxicas possuem níveis mais altos de performance escolar e envolvimento acadêmico, o que sugere que o perfeccionismo 
nelas presente não se limita a temas relacionados apenas com comida e forma corporal.
·             Outros traços obsessivos-compulsivos, além do perfeccionismo, são notados na infância de anoréxicas, principalmente inflexibilidade, forte adesão a regras estabelecidas, observação dos padrões mantidos por autoridades, etc.
·             Incidência de abuso físico ou sexual é mais elevada em grupos de anoréxicos; em um estudo efetivado na América do Norte, a presença de um histórico de abuso sexual na infância apresentou uma forte associação com o desenvolvimento de transtornos alimentares em grupos de homens homossexuais.

Tratamento
Deve-se ter duas vertentes, a não-farmacológica e a farmacológica. Entretanto deve-se ter em mente a importância de uma relação médico-paciente satisfatória,uma vez que a negação pelo paciente é muitas vezes presente. Dependendo do estado geral da paciente pode-se pensar em internação para restabelecimento da saúde. Correção de possíveis alterações metabólicas e um plano alimentar bem definido são fundamentais. Além disso, o tratamento também deve abordar o quadro psicológico, podendo ser principalmente a terapia cognitivo-comportamental e psicoterapia individual. Em relação a abordagem farmacológico tem-se utilizado principalmente os antidepressivos, mas que é uma área que carece de muitos resultados satisfatórios tendo em vista a multicausalidade da doença. Dessa forma, é importante uma abordagem multi-disciplinar, apoio da família e aderência do paciente. As recaídas podem acontecer, daí a importância de se ter um acompanhamento profissional por grandes períodos.

Bulimia

 
A bulimia é um transtorno alimentar aonde as principais características são os episódios de compulsão alimentar seguidos de comportamentos compensatórios para evitar o ganho de peso. As pessoas que sofrem de bulimia vivem em um circulo vicioso de compulsão-purgação. 
Na sua maioria os pacientes com bulimia estão dentro da faixa de peso normal, embora alguns possam estar com um peso levemente acima ou abaixo deste. Existem indicações de que antes do início do transtorno alimentar, os pacientes com bulimia estão mais propensos ao excesso de peso.
A bulimia apresenta uma prevalência no sexo feminino, 90 a 95%. A doença se manifesta  mais tarde do que na anorexia, por volta dos 18 a 20 anos
Os episódios de compulsão consistem no consumo de uma grande quantidade de alimentos freqüentemente ricos em calorias. Os tipos de alimentos variam mas geralmente são ricos em gordura e/ou açúcar.Os episódios de compulsão alimentar ocorrem em segredo, por isso raramente são presenciados por outras pessoas. Alguns deste episódios são previamente planejados, mas geralmente ocorrem de forma impulsiva. Entre os episódios compulsivos, os pacientes  restringem seu consumo calórico total e selecionam preferencialmente 
alimentos com baixas calorias, evitando alimentos que percebem como "engordativos". O "gatilho" das compulsões na bulimia, pode incluir depressão, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, aborrecimentos, dietas restritivas e/ou prolongadas, e insatisfação e/ou distorção da imagem corporal.
A compulsão alimentar "camufla" temporariamente os sentimentos negativos, mas este estado é rapidamente seguido por sentimentos de culpa. A bulimica sente vergonha dos seus ataques de compulsão (binge), e entende seu comportamento como uma falta de controle, o que é uma das razões para a baixa auto-estima: "Existe alguma coisa "errada" comigo, sou "imperfeita", porque não consigo me controlar". É difícil para alguém que sinta desta forma procurar ajuda. Daí o prazo, e a demora de até dez anos, para que uma pessoa que sofra de bulimia busque ajuda.
Os comportamentos compensatórios são uma forma de "conter" os efeitos ( o aumento de peso) das crises de compulsão. O comportamento compensatório mais comum são os vômitos. Na bulimia os vômitos são provocados seguidamente  os episódios de compulsão. Os vômitos auto-induzidos representam o comportamento compensatório mais comumente utilizado pelos pacientes que sofrem de bulimia.Os vômitos são provocados seguidamente  aos episódios de compulsão. Alguns pacientes podem chegar a vomitar até 20 vezes por dia. Os vômitos se tornam tão "comuns" que  pacientes se tornam capazes de vomitar quando querem.O ato de purgar reduz temporariamente o desconforto físico causado pela sensação de "estufamento"  gástrico, alem de amenizar o medo de ganhar peso pelas crises compulsões. Algumas podem até mesmo ansiar  pelo comportamento purgativo da mesma forma que apreciam a sensação de "libertação" que este comportamento  temporariamente oferece. Outros comportamentos compensatórios utilizados para "prevenir" o ganho de peso são o uso abusivo de laxantes, diuréticos, dietas restritivas, jejuns, medicamentos e "formulas" anorexigênos, e a prática exagerada de exercícios. A "necessidade" de se exercitar chega a interferir de modo significativo nas atividades pessoais e profissionais da pessoa. O paciente pode dar preferência a pratica de atividade física em detrimento de encontros sociais e/ou profissionais. 
As bulimicas semelhante as anoréxicas, estão envolvidas de forma obsessiva com  a forma e peso dos seus corpos. Uma pessoa com bulimia poderá checar seu peso e forma de maneira obsessiva. Esta "checagem" pode se manifestar através de pesagens freqüentes (varias vezes ao dia), observação de si mesmas no espelho, e medição de varias partes do corpo com fitas métricas ou com as próprias mãos. Para as bulimicas, a auto estima esta diretamente vinculada ao seu peso e forma  corporal. 
As complicações medicas mais comuns da bulimia incluem arritmias cardíacas, sangramentos do esôfago, distúrbios eletrolíticos, problemas gastrintestinais e dentais. As complicações medicas da bulimia podem ser tão severas quanto as da anorexia. Da mesma forma que a anorexia, a bulimia pode levar a morte,  se não tratada de maneira adequada. 

Subtipos

As pessoas que sofrem de bulimia se classificam em dois subtipos:

·      Purgativo:
 
·             Após o episodio de compulsão alimentar a pessoa  provoca o vômito, ou abusa de laxantes e/ou diuréticos.
A ingestão de laxantes e diuréticos, contrariamente as opiniões amplamente divulgadas por quem faz uso deles com a finalidade de emagrecer, não impede em absoluto a absorção dos alimentos. O trato digestivo se acostuma progressivamente aos laxantes, e é necessário aumentar as doses cada vez mais, para poder obter os efeitos comparáveis aos anteriores. Este comportamento causa complicações físicas como retenção de água, edemas, e inclusive alterações no tubo digestivo. da mesma forma os diuréticos, tanto tomados sozinhos como associados aos laxantes, não exercem mais que um impacto mínimo e transitório sobre o peso corporal. Simplesmente favorecem a perda de água, e provocam a longo prazo,
·             perturbações biológicas graves.
·             Os vômitos são um método muito freqüente entre os bulimicos. Não é utilizado sempre da mesma maneira: alguns vomitam varias vezes ao dia, praticamente depois de ingerir cada alimento, e outros só o utilizam em momentos de crise. Este "processo" é física e emocionalmente custoso, e pode provocar tanto a repetição das crises (na antiguidade os romanos conheciam bem esta técnica de provocar o vomito para poder continuar com suas "orgias" alimentares), quanto o aumento da sua intensidade (as vezes chega-se a comer uma quantidade maior de comida para facilitar o vomito). Inicialmente o vomito diminui as barreiras fisiológicas  e psicológicas contra a compulsão. Alem disso, os vômitos, sobretudo se são crônicos, não impedem o organismo de absorver uma proporção considerável das calorias ingeridas. As conseqüências somáticas mais comuns dos vômitos são: desordens do tipo eletrolítico (desidratação, falta d de potássio, e alterações no ritmo cardíaco), hipertrofia das glândulas parótidas (causando "inchaço no rosto), caries dentarias (erosão do esmalte pelos ácidos gástricos), e esofagites (deglutição dolorosa). 

·      Não Purgativo:
 
·             Após o episodio de compulsão a pessoa deixa de comer  durante um tempo, podendo até permanecer em jejum por algum tempo, e/ou praticar exercícios físicos intensos.
·             As dietas (jejuns e/ou dietas restritivas), ou a idéia de eliminar para sempre certo tipo de alimento, que na idéia da pessoa engordam. são usados como métodos compensatórios. Dados  demonstram que este tipo de dietas provocam o efeito "yo-yo"  ( a perda de peso é seguida de um aumento importante no mesmo), e provocam um aumento de peso  alongo prazo, juntamente com alterações endócrinas ("dismenorréia", menstruações difíceis e dolorosas).
Os medicamentos que diminuem o apetite, ou anorexigenos, contem em 
·             sua maioria anfetaminas, que, alem de produzir inapetência (falta de apetite), perturbam o sono, provocam agitação, dependência e numerosos efeitos secundários não desejados.
·             A prática de exercitar-se excessivamente pode ter conseqüências graves, em particular afetando as articulações e o sistema cardiovascular.
 
Todas estas tentativas de compensação são na realidade ilusórias e bastante perigosas, para resultados mínimos. Elas podem desencadear crises, mantendo um circulo vicioso entre domínio absoluto e perda de controle, e entre restrições e crises.
  Os pacientes que se enquadram no subtipo purgativo geralmente apresentam  mais sintomas depressivos e maior preocupação com a forma e o peso do que os pacientes do subtipo não purgativo
As bulimicas semelhante as anoréxicas, estão envolvidas de forma obsessiva com  a forma e peso dos seus corpos. Uma pessoa com bulimia poderá checar seu peso e forma de maneira obsessiva. Esta "checagem" pode se manifestar através de pesagens freqüentes (varias vezes ao dia), observação de si mesmas no espelho, e medição de varias partes do corpo com fitas métricas ou com as próprias mãos. Para as bulimicas, a auto estima esta diretamente vinculada ao seu peso e forma  corporal. 
As complicações medicas mais comuns da bulimia incluem arritmias cardíacas, sangramentos do esôfago, distúrbios eletrolíticos, problemas gastrintestinais e dentais. As complicações medicas da bulimia podem ser tão severas quanto as da anorexia. Da mesma forma que a anorexia, a bulimia pode levar a morte,  se não tratada de maneira adequada. 

 
Sinais Físicos:

·             Inchaço das glândulas parótidas (como se estivesse com caxumba). Devido aos vômitos provocados.
·             Amenorréia (falta de menstruação) pelo menos 3 ciclos
·                         Queda de cabelo
 
·             Perda de dentes (devido ao acido dos vômitos)
·             Vômitos provocados (geralmente logo depois das refeições ou durante o banho). Ficar atento para aquelas que logo após se alimentarem vão ao banheiro.
·             O peso não está muito abaixo nem muito acima do normal, se bem que oscila com facilidade
·             Calos no dorso dos dedos, principalmente indicador.Essas calosidades são chamadas de sinal de Russsell, que as descreveu em 1979. (o uso constante dos dedos para provocar os vômitos provoca lesões devido ao atrito com os dentes)
·             Desmaios e fraqueza, devido ao uso de laxantes e diuréticos que provocam um desequilíbrio eletrolítico (perda de sais minerais como potássio). 
·             Perda de dentes (devido ao acido dos vômitos)
·             Vômitos provocados (geralmente logo depois das refeições ou durante o banho). Ficar atento para aquelas que logo após se alimentarem vão ao banheiro.
·             O peso não está muito abaixo nem muito acima do normal, se bem que oscila com facilidade
·             Calos no dorso dos dedos, principalmente indicador.Essas calosidades são chamadas de sinal de Russsell, que as descreveu em 1979. (o uso constante dos dedos para provocar os vômitos provoca lesões devido ao atrito com os dentes)
·             Desmaios e fraqueza, devido ao uso de laxantes e diuréticos que provocam um desequilíbrio eletrolítico (perda de sais minerais como potássio).  
 
Sinais Psicológicos  e Comportamentais:
·             Mudanças bruscas de humor (irritabilidade, agressividade, apatia).
·             Aumento de interesse pela imagem e/ou peso. Grande obsessão pelo peso, constantemente se acham gordas e tem verdadeiro pânico de engordar .Por isso se preocupam excessivamente quando outras pessoas fazem algum comentário sobre seu aspecto físico.
·             Quando comem com amigos e familiares, se alimentam pouco e somente com alimentos de baixas calorias.
·             Aumento no controle do peso (se pesar constantemente e/ou se medir com a fita métrica).
·             Isolamento social e/ou familiar.
Os ataques de compulsão (binge) são “escondidos”, mas geralmente a pessoa deixa “sinais” como embalagens de chocolates, salgadinhos, etc...  
Escondidos no quarto em gavetas ou armários. Quando estão sozinhas se alimentam de todos os alimentos "proibidos", com isso os pais podem perceber que uma grande quantidade de alimentos "desaparece" de casa. Também podem gastar muito dinheiro com a alimentação fora da casa”.
·             Uso de laxantes e/ou diuréticos; muitas vezes também estão “escondidos” em bolsas, gavetas ou armários.
·             Comportamentos compensatórios como exercícios exagerados com a finalidade  de perder peso, podem caminhar muitas horas ou não usar elevadores somente escadas.
·             Obsessão pela comida e ligação com a cozinha, constantemente fala sobre dietas e sobre a quantidade de calorias dos alimentos. Muitas vezes gosta de cozinhar para a família, pode colecionar receitas e gosta de controlar a comida que existe m casa, fazendo listas de compras, ou, comprando os alimentos.  
·             Consideram que o aspecto físico tem muito valor como meio para conseguir  êxito em qualquer área da sua vida
·             Podem apresentar uma preocupação excessiva com relação a organização e a ordem; intensificando assim as atividades relacionadas a limpeza da casa e/ou com estudos e trabalho.
·             Idas freqüentes ao banheiro logo após as refeições.

A presença de um ou mais sinais não indica necessariamente que a pessoa sofra de algum tipo de distúrbio alimentar.  Por isso não rotule antecipadamente.
Devemos observar as pessoas durante um tempo antes de tomar conclusões precipitadas. Caso não haja alterações no quadro, procure um profissional especializado; isto é muito importante já que um dos fatores que contribuem para a manutenção de um distúrbio alimentar é a heterogenia (má intervenção médica e/ou psicológica).

Transtornos Associados
Os pacientes com Bulimia Nervosa apresentam uma freqüência maior de sintomas depressivos (por ex., baixa auto-estima, insegurança) ou Transtornos do Humor (particularmente Distimia e Transtorno Depressivo Maior). Em muitas ou na maior parte dessas pessoas, o distúrbio do humor começa simultaneamente ou segue o desenvolvimento da Bulimia Nervosa, sendo que com freqüência atribuem sua perturbação do humor à Bulimia Nervosa. Também pode haver maior freqüência de sintomas de ansiedade ou Transtornos de Ansiedade.
Em cerca de um terço dos pacientes com Bulimia Nervosa ocorre Abuso ou Dependência de Substâncias, particularmente envolvendo álcool e estimulantes. 

Tratamento Psicológico

O tratamento desenvolvido por C.N. ABREU (um dos autores deste texto), compõe-se, atualmente, de 18 semanas e é baseado no modelo cognitivo-construtivista de psicoterapia. Em cada encontro, um eixo temático é abordado, fazendo com que as pacientes consigam progressivamente reapropriar-se do controle e do manejo de sua vida emocional e, conseqüentemente, reorganizar seus hábitos alimentares. Desse modo, um plano de trabalho é estabelecido, e as pacientes convidadas a participar são avaliadas semanalmente. 
Ao final do programa, é realizada uma avaliação multidisciplinar seguindo os critérios estabelecidos pelo AMBULIM e envolvendo nutricionistas, psiquiatras e os psicólogos. A partir da avaliação em conjunto, as pacientes podem: a) receber alta; b) seguir para um programa de manutenção de 18 semanas envolvendo outros temas; ou, finalmente, no caso de um baixo nível de aderência, c) reiniciar o programa.

 
Vigorexia

Vigorexia ou transtorno dismórfico muscular, ocorre quando o volume e a intensidade de exercicio fisico praticado por um indivíduo excede a sua capacidade de recuperação, e pode-se somar ao fato de apresentar uma auto-imagem um tanto distorcida, em quadro psicologicamente patológico.
É classificada como um Transtorno Obesessivo-Compulsivo (TOC) e mais especificamente, se acompanhada de uma auto-imagem distorcida, é um transtorno dismórfico corporal.
Foi primeiramente diagnosticada como um transtorno obsessivo compulsivo pelo médico Harrison Graham Pope Jr., professor de psicologia em Harvard que a nomeou de vigorexia ou Síndrome de Adônis (relacionando-a com o deus grego Adónis,grande beleza física).
Indivíduos acometidos desta síndrome, são pessoas que mesmo fortes fisicamente, ao se visualizarem em espelhos, por exemplo, se sentem fracos, de maneira similar aos acometidos de anorexia,se visualizarem, sempre consideram-se gordos.
Acomete predominantemente indivíduos do sexo masculino, mas também se evidencia em indivíduos do sexo feminino, e em ambos os casos, predominantemente associado a prática de musculação e fisiculturismo.
Deve-se assim separar o quadro do indivíduo que é acometido de tal comportamento em dois grupos, ou quadros: o do indivíduo que pratica exercícios de qualquer tipo exageradamente (no que é relacionada intimamente ao termo overtraining - "sobre-treinamento" em inglês no sentido excessivo), do indivíduo que, além disso, ou inclusive em detrimento de fazer-se exercícios exageradamente, jamais se contenta com seu volume corporal, com enfoque na massa/volume muscular. Exemplificando, um indivíduo pode ter obsessão pela prática de exercícios, como a corrida ou a natação, levando-o ao "sobre-treinamento" (overtraining), mas não apresentando uma obsessão pelo volume muscular, para o que inclusive exercícios aeróbicos são inadequados e improducentes. Por outro lado, os obcecados por volume muscular podem passar a se exercitar adequadamente com vistas ao volume muscular, mas somarem a excessiva ingestão de suplementos alimentares e mesmo anabolizantes de diversos tipos, além de outras substâncias com as mesmas finalidades, inclusive com o abandono e até desprezo por qualquer acompanhamento médico adequado ou mesmo coerente com as prescrições farmacológicas da literatura.
 
Tais indivíduos, além de perseguirem o volume muscular por todos os fins e com intensidade, passam também, correspondentemente, a apresentarem comportamento depressivo quando perdem volume muscular por algum motivo (uma infecção ou um acidente limitante do exercício ou alimentação, por exemplo). Em paralelo a tal comportamento, quando apresentam reações tóxicas a medicamentos que são usados no seu aumento de volume muscular ou manutenção da qualidade de seu aspecto (no que é chamado de definição muscular, por exemplo) ou fármacos usados como auxiliares nisto, recusam-se a aceitar que necessitam cessar o uso de tais medicações ou procurar apoio médico.
O quadro de sobre-treinamento propriamente dito, igualmente, em função do desgaste que gera, ou das dificuldades de motivação para ser mantido, pode ser associado ao consumo de estimulantes de todos os tipos, desde a comum cafeína oriunda de diversas fontes, em demasia, passando pelas anfetaminas de diversos tipos, até a cocaína.
A vigorexia e os anabolizantes

O consumo crescente de esteróides anabolizantes com fins puramente estéticos é associado a esta síndrome, o que levou países europeus a tratarem seu comércio com os mesmos critérios legais e penais do consumo de drogas psicotrópicas. Correlatamente, proprietários de academias e instrutores da área sem escrúpulos aproveitam-se de tal mercado possível e constroem estruturas de contrabando e tráfico deste tipo de medicamentos.
Aos esteróides, acrescentam-se o consumo de insulina, o hormônio do crescimento(GH), assim como outras drogas com a mesma finalidade de anabolizante. Igualmente, existe o consumo de medicamentos de uso veterinário, especialmente para equinos(Equipoise, A.D.E, Winstrol Vet), com os mesmo fins.
No quadro de obsessão por volume muscular, é comum o quadro de indivíduos do sexo feminino, que além do volume muscular extremamente grande, somam, pelo consumo de hormônios com caráter masculinizante (derivados, relacionados e modificados da testosterona natural ou sintética), passam a apresentar características sexuais secundárias e terciárias, como pelos (incluindo barba) e perda do cabelo na cabeça no que chamamos "entradas" e inclusive a típica calvície masculina. Mesmo com este quadro, a vigorexia se manifesta como uma obsessão tão dominante sobre os hábitos do indivíduo que estas não abandonam suas práticas de dosagem de tais drogas, com vista aos ganhos musculares. 


Tratamentos

É necessário o tratamento médico terapia e ajuda nutricional. Podem acontecer recaídas, por isso é bom ter um acompanhamento ao longo do período.

A injeção de óleos e próteses

A aplicação de próteses de silicone com vistas a suplementar volume muscular não é incomum, e inclusive, tem seu lado em cirurgia plástica de recuperação estética de indivíduos atingidos por acidentes deformantes, como os automobilísticos e com animais (tubarões são um exemplo típico) ou ainda queimaduras graves.
Mas existe também a injeção de óleos nos grupos musculares com vista a doar volume adicional, pelo seu entumescimento. Entre tais produtos citam-se Esiclene (formebolone, hubernol), Synthol (Pump N Pose) (composto de triglicérides de cadeia média, álcool benzílico e lidocaína), que é uma modificação do Esiclene, o ADE (composto vitamínico que em cada 100 ml, normalmente é composto de 2.500.000 a 25.000.000 Ul vitamina A, 500.000 a 7.000.000 Ul de vitamina D e 1.650 a 7.000 Ul vitamina E), é normalmente usado no tratamento de carências de vitamínicas e infecções em bovinos, eqüinos, suínos, ovinos, caprinos e coelhos (há claras recomendações para evitar-se seu uso em cães e gatos). Note-se que tais produtos, altamente perigosos, não causam anabolia, apenas o aumento do volume muscular, sem aumento do seu tecido propriamente dito, ou mesmo força (sempre relacionada a seu volume, ainda que complexamente).

 Sintomas

Os sintomas abaixo referem-se propriamente ao quadro de prática exagerada de exercícios.

·      Dores musculares persistentes
·      Fadiga persistente
·      Ritmo cardíaco elevado, em estado de repouso
·      Maior susceptibilidade a infecções
·      Maior incidência de lesões
·      Irritabilidade
·      Depressão
·      Perda de motivação
·      Insônias
·      Perda de apetite
·              Perda de peso  

Conclusão
Percebe-se atualmente uma busca exagerada pelo corpo perfeito. Influências da mídia, meio social ou outros contextos interferem de tal forma na percepção corporal da pessoa que esta pode apresentar quadros complexos como o distúrbio da bulimia, que em sua prática pode gerar a anorexia. Padrões de beleza que glorifica os músculos também podem gerar distúrbios como a vigorexia, no qual o sujeito não está satisfeito com o seu corpo mesmo já estando com uma aparência bastante forte e musculosa. Muitos pensam que ainda não estão fortes o suficiente, que precisam malhar mais. Indivíduos que têm essas falhas na percepção corporal necessitam de tratamento psicoterápicos e acompanhamento médico e nutricional também. Esse conjunto de tratamentos, juntamente com a força de vontade do paciente, poderá surtir efeitos positivos, mesmo a longo prazos. O que não se deve fazer é ignorar esse problema tão cruel que atinge não apenas mulheres, mas muitos em geral por todo o mundo. Problema este que deve ser confundido com “frescura” ou brincadeiras, mas sim, encarado como realmente deve ser: uma doença.
Desenvolver ou recuperar a auto-estima do paciente é um dos passos que o psicólogo deve fazer em seu trabalho. Afinal, a pessoa não se aceita devido a baixa auto-estima ou outros fatores que podem levá-las ao problema, e se vê de uma maneira que não é.
Não comer, ficar dias de jejum, consumir apenas chás e líquidos, e, se comer, praticar exercícios pesados após ter ingerido uma refeição ou até mesmo vomitar porque sentem-se culpadas por ter comido tanto. Controlar as calorias de tudo que ingere, pode até parecer que é uma pessoa que entende bastante de alimentos e saúde, mas não é. Brincar com a comida em vez de comer de fato, idas constantes ao banheiro ou banhos demorados, uso de laxantes/diuréticos são sintomas de quem pratica bulimia ou está anoréxico e está com pavor de engordar, mesmo estando muito abaixo do seu peso.
O mesmo ocorre com, na maior parte, homens que malham excessivamente e ainda consomem anabolizantes e hipercalóricos para alcançarem o chamado corpo perfeito. Malham diversas vezes ao dia até adquirir bastante massa e músculos, mas ainda não estão contentes e querem e buscam mais, ao ponto de viver para isso, terem doenças complexas e até mesmo serem levados ao óbito. Bulimia, anorexia e vigorexia são distúrbios e precisam ser tratados e não ignorados.

Referências Bibliográficas:

ABREU, Cristiano; FILHO, Raphael. Anorexia nervosa e bulimia nervosa — abordagem cognitivo-construtivista de psicoterapia. São Paulo, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-60832004000400010&script=sci_arttext&tlng=es Acesso em 18 de novembro de 2010.

Anorexia Nervosa. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anorexia_nervosa. Acesso em 18 de novembro de 2010.

CORDÁS, Táki; et al. Imagem corporal nos transtornos alimentares. São Paulo, 2004. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101- 60832004000400006&script=sci_arttext&tlng=es >. Acesso em 18 de novembro de 2010.

FERNANDES, Maria Helena. O corpo na anorexia e bulimia. Disponível em: http://www.estadosgerais.org/encontro/IV/PT/trabalhos/Maria_Helena_Fernandes_2.pdf.Acesso em 18 de novembro de 2010. 

PALAZZO, Valéria. Bulimia. Disponível em: http://www.gatda.psc.br/bulimia.htm. Acesso em 18 de novembro de 2010.

Vigorexia ou Transtorno dismórfico muscular. Disponível em: http://djalmanetoeabiolgia.blogspot.com/2010/01/vigorexia-ou-transtorno-dismorfico.html. Acesso em 18 de novembro de 2010.



   



 

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Cultura: Um Conceito Antropológico "abordagens teóricas"

Se o mundo da cultura é o mundo no qual o homem se reconhece, diz Vaz, só a
compreensão do seu sentido permite ao homem realizar-se como homem, e acrescenta, o
homem é ser histórico porque transforma o mundo, cria a cultura. Este caráter social e
histórico da cultura é estabelecido por meio da objetivação do sentido em obras culturais,
ou seja, é a transformação do sinal subjetivo em um sentido compreendido e comunicado.
Se não fosse este caráter de significações, o homem regridiria a comportamentos que o
autor denomina de infra-humanos. A cultura é, então, a dimensão histórica do ser humano
e, neste sentido, a definição que para Vaz melhor caracteriza essa dimensão é esta do autor
Waelhens, na qual cultura é:

  O processo social e histórico constituído pelas relações de conhecimento e
transformação do homem como natureza e pelas relações de reconhecimento do homem
com o outro homem, processo que cria um mundo humano, e através do qual o homem
se realiza como homem neste mundo humano.
(De Waelhens A., apud: Vaz,1966, p. 6)

É, neste sentido, que o autor concebe cultura como social e histórica, porque ela, na medida
que traduz um sentido a ser compreendido, é humanizante, é o próprio sentido da presença
do homem no mundo. Outros autores apontam este sentido – o momento de interação do
homem com o outro – como fundamental neste processo de humanização e socialização do
homem.
Segundo Vaz, a criação e a compreensão das obras culturais definem uma tarefa
social e histórica, capaz de traduzir, em termos de cultura, o projeto que constitui e remete
o homem à existência histórica. Isto é, em uma dimensão pessoal, a cultura passa do
domínio da necessidade para o domínio da liberdade, no qual se torna possível a
comunicação com o outro e o próprio projeto do existir social. É este movimento de
personalização que impõe à cultura o caráter de universalidade.
A cultura institui o reino do universal e possibilita ao homem construir um
mundo histórico, ou seja, o mundo humano é construído como um mundo de significações
e valores. Desta forma, afirma Vaz, as obras culturais exprimem e comprovam a
consciência histórica do grupo, a forma de sua auto-realização e o índice de seu autoconhecimento.
Mesmo considerando a influência destes fatores no processo de
desenvolvimento de uma determinada cultura, e embora a cultura seja apresentada por
diferentes autores como o processo de humanização do homem em sua relação com o outro,
percebe-se que seu caráter ideológico e alienável a desumaniza, ou seja, a cultura perde seu
caráter de universalidade em função da individualização do homem, que ocorre tanto no
processo de desenvolvimento do homem no trabalho, quanto nos processos de socialização
do homem nesta sociedade, que é mediado pela ideologia presente na mídia e nos meios de
comunicação.


Cultura: Um Conceito Antropológico

Desde a antigüidade, tem-se tentado explicar as diferenças de comportamento entre os homens, a partir das diversidades genéticas ou geográficas. As características biológicas não são determinantes das diferenças culturais: por exemplo, se uma criança brasileira for criada na França, ela crescerá como uma francesa, aprendendo a língua, os hábitos, crenças e valores dos franceses. Podemos citar, ainda, o fato de que muitas atividades que são atribuídas às mulheres numa cultura são responsabilidade dos homens em outra.

O ambiente físico também não explica a diversidade cultural. Por exemplo, os lapões e os esquimós vivem em ambientes muito semelhantes – os lapões habitam o norte da Europa e os esquimós o norte da América. Era de se esperar que eles tivessem comportamentos semelhantes, mas seus estilos de vida são bem diferentes. Os esquimós constróem os iglus amontoando blocos de gelo num formato de colméia e forram a casa por dentro com peles de animais. Com a ajuda do fogo, eles conseguem manter o interior da casa aquecido. Quando quer se mudar, o esquimó abandona a casa levando apenas suas coisas e constrói um novo iglu.

Os lapões vivem em tendas de peles de rena. Quando desejam se mudar, eles tem que desmontar o acampamento, secar as peles e transportar tudo para o novo local.

Os lapões criam renas, enquanto os esquimós apenas caçam renas.

Outro exemplo são as tribos de índios que habitam uma mesma área florestal e têm modos de vida bem diferentes: algumas são amigáveis, enquanto outras são ferozes; algumas alimentam-se de vegetais e sementes, outras caçam; têm rituais diferentes; etc

O comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo chamado endoculturação ou socialização. Pessoas de raças ou sexos diferentes têm comportamentos diferentes não em função de transmissão genética ou do ambiente em que vivem, mas por terem recebido uma educação diferenciada

Assim, podemos concluir que é a cultura que determina a diferença de comportamento entre os homens.

O homem age de acordo com os seus padrões culturais, ele é resultado do meio em que foi socializado

Para Edward Tylor, 1871:
Cultura é o todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade.

Tylor, foi o primeiro a formular o conceito de cultura do ponto de vista antropológico da forma como é utilizado atualmente. Na verdade, ele formalizou uma idéia que vinha crescendo desde o iluminismo. John Locke, em 1690, afirmou que a mente humana era uma caixa vazia no nascimento, dotada de capacidade ilimitada de obter conhecimento, através do que hoje chamamos de endoculturação,


Tylor enfatizou a idéia do aprendizado na sua definição de cultura.
O homem é um ser predominantemente cultural. Graças à cultura, ele superou suas limitações orgânicas. O homem conseguiu sobreviver através dos tempos com um equipamento biológico relativamente simples.

Um esquimó que deseje morar num país tropical, adapta-se rapidamente, ele substitui seu iglu e seus grossos casacos por um apartamento refrigerado e roupas leves – enquanto o urso polar não pode adaptar-se fora de seu ambiente.

A cultura é o meio de adaptação do homem aos diferentes ambientes. Ao invés de adaptar o seu equipamento biológico, como os animais, o homem utiliza equipamentos extra-orgânicos. Por exemplo, a baleia perdeu os membros e os pêlos e adquiriu nadadeiras para se adaptar ao ambiente marítimo. Enquanto a baleia teve que transformar-se ela mesma num barco, o homem utiliza um equipamento exterior ao corpo para navegar.

A cultura é um processo acumulativo. O homem recebe conhecimentos e experiências acumulados ao longo das gerações que o antecederam e, se estas informações forem adequada e criativamente manipuladas, permitirão inovações e invenções. Assim, estas não são o resultado da ação isolada de um gênio, mas o esforço de toda uma comunidade.

Não existe um consenso, na antropologia moderna, sobre o conceito de cultura.

Roger Keesing, antropólogo, em seu artigo "Theories of Culture" (1974), define cultura de acordo com duas correntes:

• As teorias que consideram a cultura como um sistema adaptativo: culturas são padrões de comportamento socialmente transmitidos que servem para adaptar as comunidades humanas ao seu modo de vida (tecnologias, modo de organização econômica, padrões de agrupamento social, organização política, crenças, práticas religiosas, etc.)

• As teorias idealistas da cultura são divididas em três abordagens:

• A primeira considera cultura como sistema cognitivo: cultura é um sistema de conhecimento, "consiste de tudo aquilo que alguém tem de conhecer ou acreditar para operar de maneira aceitável dentro da sociedade"

• A segunda abordagem considera cultura como sistemas estruturais: define cultura como "um sistema simbólico que é a criação acumulativa da mente humana. O seu trabalho tem sido o de descobrir na estruturação dos domínios culturais – mito, arte, parentesco e linguagem – os princípios da mente que geram essas elaborações culturais.

• A terceira abordagem considera cultura como sistemas simbólicos: cultura é um sistema de símbolos e significados partilhados pelos membros dessa cultura que compreende regras sobre relações e modos de comportamento.

A cultura é uma lente através da qual o homem vê o mundo - pessoas de culturas diferentes usam lentes diferentes e, portanto, têm visões distintas das coisas.

O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como conseqüência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural (isso é denominado etnocentrismo), depreciando o comportamento daqueles que agem fora dos padrões de sua comunidade – discriminando o comportamento desviante.

Comportamentos etnocêntricos resultam em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes, práticas de outros sistemas culturais são vistas como absurdas.

O etnocentrismo é um comportamento universal. É comum a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade.

A reação oposta ao etnocentrismo é a apatia. Em lugar da superestima dos valores de sua própria sociedade, num momento de crise os indivíduos abandonam a crença naquela cultura e perdem a motivação que os mantém unidos.

Por exemplo, os africanos, quando foram trazidos como escravos para uma terra estranha, com costumes e línguas diferentes, perdiam a motivação de continuar vivos e muitos praticavam suicídio.

Embora nenhum indivíduo conheça totalmente o seu sistema cultural, é necessário que o indivíduo tenha um mínimo de conhecimento da sua cultura para conviver com os outros membros da sociedade. Nenhum indivíduo é perfeitamente socializado. São estes espaços que permitem a mudança.

Qualquer sistema cultural está num contínuo processo de mudança.

Existem dois tipos de mudança cultural: interna, resulta da dinâmica do próprio sistema cultural. Esta mudança é lenta; porém, o ritmo pode ser alterado por eventos históricos, como catástrofe ou uma grande inovação tecnológica.

A mudança externa é resultado do contato de um sistema cultural com outro. Esta mudança é mais rápida e brusca.

O tempo é um elemento importante na análise de uma cultura.

Assim, da mesma forma que é importante para a humanidade a compreensão das diferenças entre os povos de culturas diferentes, é necessário entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema.




ABORDAGEM ANTROPOLÓGICA
A existência humana é marcada pela cultura e é ela a própria fundamentação da humanidade. Cultura é criação/ aprendizagem/ criação. É modificada, enriquecida, num processo constante, consciente e inconsciente, por acaso e por necessidade. Por isso a cultura marca, registra e pauta as condutas humanas. O ser humano é muito pouco programado.



A ANTROPOLOGIA E SUAS TEORIAS ACERCA DAS CULTURAS
Com o avanço da colonização e a partir das viagens do século XVIII, os europeus passaram a manter contato com outros povos e a incluí-los na reflexão sobre a evolução da humanidade. Várias maneiras de interpretar a evolução humana surgiram; dentre elas, as versões monogenista e poligenista. A monogenia, seguindo a idéia de "perfectibilidade" defendida por Rousseau, considerava a evolução da humanidade um gradiente que ia desde o estágio menos avançado (primitivo) ao mais avançado (civilização). As dissimilitudes entre os entre os homens eram consideradas provas dos diferentes estágios pelos quais passavam no seu processo evolutivo. Essa forma de interpretação foi adotada pelos etnólogos na reconstrução do passado dos povos "primitivos". A poligenia considerava que os diferentes centros de criação explicavam as diferenças físicas e morais entre os homens. Os poligenistas acreditavam que mesmo que tivessem ancestrais comuns, os homens diferenciaram-se tanto num dado momento que não restou a possibilidade de cruzamento sem que dele resultasse degeneração.

A partir da obra de Darwin, A origem das espécies, publicada em 1859, vários ramos do conhecimento passaram a adotar uma perspectiva evolucionista: a lingüística, a pedagogia, a sociologia, a filosofia, a política. Na política, o imperialismo europeu se valeu da idéia de sobrevivência dos mais aptos para justificar o avanço do colonizador. Uma teoria sobre as raças foi sistematizada a partir do darwinismo social, preconizado por Herbert Spencer. Essa teoria estabelecia um paralelo comparativo entre as diferenciações entre os homens e as diferenças que existem entre os animais - o asno e o cavalo, por exemplo - e rejeitava a idéia de livre arbítrio do homem, pois que ele estaria fadado a receber características étnico-culturais do meio ao qual pertenciam e condenava a miscigenação, valorizando os "tipos puros" considerava a miscigenação. Essa teoria surgiu dos poligenistas e veio a legitimar o domínio de um grupo étnico sobre outro.

Nesse contexto, surge a Antropologia, que teve o evolucionismo como princípio orientador. Dividindo a evolução em estágios, os etnólogos abandonaram o uso convencional do tempo e utilizaram-se de etapas construídas logicamente para referenciar o homem. Na escala evolutiva. Morgan, em sua obra Ancient Society, descreve três estágios que seriam aplicáveis na explicação da escala de evolução humana: selvageria, barbárie e civilização.

O estudo das sociedades "primitivas" era feito tendo por base documentos escritos, onde havia o relato dos costumes, mitos, objetos utilizados pelos "selvagens" etc. Através da utilização do método comparativo, os antropólogos analisaram essas sociedades, guiados pela idéia de progresso. Esse método recebeu vários ataques, sendo Franz Boas o seu principal crítico. Uma das críticas dizia respeito ao fato de os elementos culturais serem analisados fora do seu contexto: a partir de uma parcela mínima da cultura inferia-se sobre a totalidade.

Dessa breve digressão, podemos concluir que, apesar de não podermos considerar os usos advindos dos estudos antropológicos da época como os mais "honestos", sem dúvida nenhuma foi um grande avanço o abandono da análise dos dados coletados por viajantes e a adoção da pesquisa de campo como meio de investigação. Da mesma forma, pode ser considerado um passo significativo o abandono da utilização da perspectiva evolucionista na análise dos povos não-europeus, bem como das suas explicações psicológicas e intelectualistas. Porém, o surgimento da corrente funcionalista na Antropologia - da qual Malinowski foi o precursor - trouxe consigo uma certa dose de determinismo, ao considerar o processo de colonização como dado, como algo inevitável. A necessidade do estudo dessas sociedades era justificada pelo avanço do imperialismo europeu sobre os povos "primitivos" e as comparações feitas entre essas sociedades e a sociedade da qual fazia parte o pesquisador não preocupavam-se em situá-las mecanicamente numa escala evolutiva. Os povos estudados eram focalizados em situação, ou seja, seu processo de auto-construção era avaliado a partir da contextualização dos fenômenos culturais.

Bronislaw Malinowski, tocado pelo "nojo à civilização", dedicou-se ao estudo das sociedades "primitivas" imbuído do objetivo de "apreender o ponto de vista do nativo, sua relação com a vida, compreender a sua visão de mundo." Malinowski procedeu a explicação do todo social a partir da construção de unidades significativas de análise, que seriam compostas por elementos representativos do todo e, assim, ulteriormente, encadeadas na análise. A essas unidades ele chamou isolats, e utilizou as instituições como objeto de análise. Para ele, as necessidades biológicas (primárias), determinavam a existência de outras necessidades: as necessidades culturais (secundárias). A cultura seria o aparato instrumental que inicialmente estaria ligado à satisfação das necessidades biológicas, e à medida em que houvesse o desenvolvimento, o crescimento da população e a diferenciação estrutural, ela passaria a constituir-se num meio próprio. Os padrões culturais determinariam o surgimento do estatuto, que é o liame entre as instuições. No processo de análise da realidade, Malinowski vê como fundamentais três procedimentos metodológico: a observação de todos os costumes dos nativos, a apreensão das narrativas orais e a utilização do método estatístico. Para ele, através da observação do comportamento dos nativos seria captados os "imponderáveis da vida real" - os elementos não abarcados pela análise estatística e que são "a carne e o sangue" do arcabouço teórico da pesquisa.

A antropologia de Malinowski dava maior visibilidade aos sujeitos integrantes da cultura em estudo, como forma de garantir a legitimidade científica da investigação. O abandono de pré-noções, para ele seria fundamental:
"Conhecer bem a teoria científica e estar a par de suas últimas descobertas não significa estar sobrecarregado de idéias preconcebidas. Se um homem parte numa expedição decidido a provar certas hipóteses e é incapaz de mudar seus pontos de vista constantemente, abandonando-os sem hesitar ante a pressão da evidência, sem dúvida seu trabalho será inútil."

Radcliffe-Brown, também funcionalista, propunha a combinação das tarefas de pesquisa de campo e de gabinete. Ele apontava a necessidade de estudos comparativos sistemáticos para que a Antropologia não se tornasse mera etnografia. O método indutivo, proposto também por ele, possibilitaria o estabelecimento de regularidades e leis gerais. Ele enfatiza o aspecto funcional de costumes como o rapto da noiva, hostilidade inter-grupal, entre outros, baseando-os na idéia de oposição que fundaria sociedades divididas em metades exogâmicas. Radcliffe-Brown chegou à explicação histórica de cada uma dessas sociedades em particular e, consequentemente, ao problema do totemismo e da natureza e funcionamento das relações e estruturas sociais baseadas em "oposição", que são fenômenos gerais. Dessa forma, ele articulou os métodos histórico e comparativo (aliás, numa articulação que ele propunha aos estudos antropológicos em geral), considerando, entretanto, que o método histórico seria específico da Etnologia e o método comparativo mais afeito à Antropologia Social.

Radcliffe-Brown, que também considerava de suma importância a pesquisa de campo, rejeitava o uso do conceito de cultura em sua análise, pois considerava-o desprovido do caráter empírico necessário à análise social. A abstração que o termo sugere seria substituída pela realidade empírica das estruturas sociais, que eram o seu objeto de estudo. Para ele, o indivíduo adquire relevância analítica quando inserido nessa rede de relações, desempenhando os seus diversos papéis. Aliado a esse conjunto de relações que se dão entre os indivíduos, está o conceito de forma estrutural. Para Radcliffe-Brown, a forma estrutural seria o padrão das relações que ocorrem na estrutura, tendo como maior característica a constância do mesmo. Ele não nega mudanças na forma estrutural, porém, admite que elas ocorrem de uma maneira mais lenta. A totalidade fica, assim melhor explicada na teoria de Radcliffe-Brown, pois possibilita a visualização da mesma através dos conceitos de estrutura e forma estrutural. Com a idéia de coerência funcional, ele exprime a necessidade de que os elementos estejam interligados por uma mutualidade de relações que, se não forem observadas, levam ao surgimento de conflitos.
Vê-se que o funcionalismo possibilitou o diálogo entre pesquisador e pesquisado a partir da adoção de uma postura flexível e menos dogmática perante o seu objeto de estudo, porém, nota-se que a utilização do relativismo como princípio orientador proporcionava um certo distanciamento e faz com que o investigador, ao abordar o "nativo", estabeleça uma relação na qual o entrevistado realiza o papel de mero informante, sem que haja uma troca de experiências visando ao conhecimento e questionamento culturais mútuos. Esse procedimento decorre do fato de que para os relativistas, as culturas são válidas em si mesmas, consequentemente, não há porque questionar as normas e valores nela imbricados. A postura do investigador que utiliza-se do relativismo é a de um mero coletor de informações. O relativismo, a partir da sua proposta de validade das práticas inerentes às varias culturas, inspirada no alemão Herder, não dá margem a uma interação subjetiva efetiva entre os envolvidos na relação e não possibilita a disseminação de valores universais como a liberdade e a igualdade.




CULTURA: UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO
Introdução
Pretende-se aqui delinear a evolução do conceito de cultura, pinçando idéias defendidas no passado tais como, o determinismo biológico, geográfico, antecedentes históricos do conceito de cultura, mostrando a conciliação da unidade biológica e da grande diversidade cultural da espécie humana. O desenvolvimento do conceito de cultura, idéias sobre a origem da cultura e teorias modernas sobre cultura organizacional e, fatores que compõem a cultura brasileira. Porém, ressalta-se que não se pretende esgotar a discussão nesta apresentação, pois a natureza e a amplitude do tema não permite findar esta discussão devido as perspectivas multidisciplinares e das diversas abordagens em que se pode visualizar o emprego e a intersecção do estudo da cultura, tais como a semiótica e a hermenêutica.


Origem da cultura e antecedentes históricos do conceito de cultura
O termo cultura segundo o Novo Dicionário da língua portuguesa significa “ato, efeito ou modo de cultivar. Complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característica de uma sociedade" (p.508). Porém no final do século XVIII e no princípio do século XIX, o termo germânico Kultur era utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra francesa Civilization referia-se principalmente às realizações materiais de um povo. Mais tarde Edward Tylor (1832-1917) sintetizou os dois termos no vocábulo inglês Culture, que
"tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade".


Segundo Laraia (1996: 25) com a definição acima apresentada Tylor abrange em suma só palavra todas as possibilidades de realização humana, além de marcar fortemente o caráter de aprendizado da cultura em oposição a idéia de aquisição inata, transmitida por mecanismos biológicos.
Há muito se estuda o comportamento dos animais, inclusive o comportamento do homem, com a finalidade de entender o que o conduz as atividades cotidianas e, as relações entre eles na formação dos grupos e na relação entre outros grupos. Confúcio (VX séc. a C.) enunciou que "a natureza dos homens é a mesma, são os seus hábitos que os mantêm separados" este é um pensamento compartilhado por vários estudiosos até a atualidade, inclusive adotado pelas ciências sociais quando se trata de estudos inerentes a cultura organizacional. Pois, não há como se aceitar algo como bom ou mal, sem uma análise prévia, quando esta não é prática em sua terra, isto vale para práticas de gestão sugeridas a serem adotadas em uma organização. Há que se observar e analisar as possibilidades de adequação.


Segundo Sahlins apud Laraia (1996: 24),
"(...) a posição da moderna antropologia é que a cultura age seletivamente, e não casualmente, sobre o seu meio ambiente, explorando determinadas possibilidades e limites ao desenvolvimento, para o qual as forças decisivas estão na própria cultura e na história da cultura."

Apesar da evolução do conceito de cultura demonstrar que as questões biológicas e geográficas não interferem nas ações humanas, ainda existe alguns resquícios no que diz respeito as questões referentes a supremacia de raça (inteligência) e da melhor localização geográfica (nordeste brasileiro).



Desenvolvimento do conceito de cultura
O determinismo biológico, bem como o geográfico são idéias que no passado foram consideradas relevantes para conceituar cultura. Com o passar do tempo diversas investigações foram realizadas e chegou-se a conclusão de que estas teorias, apesar de terem sido importantes para o entendimento de algumas dimensões da natureza humana, apresentando limitações e inconsistência para o entendimento do conceito de cultura. Aí então, inaugura-se uma nova fase de estudos e interpretação de culturas.

Segundo Leibniz apud (Laraia, 1986) a natureza nunca age por saltos, analogamente conclui-se que, a cultura também não age por saltos, ela é resultado do acúmulo das ações dos homens, que inclusive altera a própria natureza, pois é necessário compreender a época em que se viveu e consequentemente o background intelectual de quem ou do que está se analisando.

A comunicação é um instrumento decisivo para a assimilação da cultura, pois a experiência de um indivíduo é transmitida aos demais, criando assim um interminável processo de acumulação permeado por valores cristalizados, o que nos leva a afirmar que a linguagem humana é um produto da cultura. Daí a necessidade de identificar as determinadas formas de comunicação que atinja todos as pessoas da organização quando da transmissão de uma mensagem.

Pois, para Hoebel apud (Barros & Prates, 1996: 15),
"O homem é o único animal que fala de sua fala, pensa o seu pensamento, que responde à sua própria resposta, que reflete o seu próprio reflexo e é capaz de diferenciar-se mesmo quando está se adaptando as causas comuns e estímulos comuns".

Comportamentos compartilhados são componentes da cultura o que nos leva inclusive a afirmar que, teorias behavioristas (Watson - condicionamento), Cognitivista (Piaget-psicogenética) quando aplicadas, mesmo que inconscientemente por um grupo de pessoas determinam algumas características culturais em relação ao padrão de comportamento. Normas impostas por organizações determinam padrões de comportamento, marcando de forma indelével a cultura organizacional. Portanto, pode-se afirmar que diferenças culturais não são genéticas e sim adquiridas no decorrer do tempo.
"Possuidor de um tesouro de signos que tem a faculdade de multiplicar infinitamente, o homem é capaz de assegurar a retenção de suas idéias (...), comunicá-las para outros homens e transmiti-las para os seus descendentes como herança sempre crescente." (Turgot apud Laraia 1986, 27).

De acordo com Kluckhohn apud Geertz (1989: 14) cultura pode ser vista como:
“...o modo de vida global de um povo; 2) legado social que o indivíduo adquire do seu grupo; 3) uma forma de pensar, sentir e acreditar; 4) uma abstração do comportamento; 5)Uma teoria, elaborada pelo antropólogo, sobre a forma pela qual o grupo de pessoa se comporta realmente; 6) um celeiro de aprendizagem em comum; 7) um conjunto de orientações padronizadas para os problemas recorrentes; 8) comportamento aprendido; 9) um mecanismo para regulamentação normativa do comportamento; 10) um conjunto de técnicas para se ajustar tanto ao ambiente externo como em relação aos outros homens; 11) um precipitado da história.”

Ao correlacionar o conceito de cultura apresentado por Kluckhohn com a "praxis" organizacional, emerge daí padrões de comportamento (normas), processo de adaptação (símbolos e signos), tecnologia e componentes ideológicos (religião, mitos, cerimônias), ou seja, valores compartilhados pelos membros da organização, resultado do processo de individuação, isto é, de atitudes individuais que ao mesmo tempo que interfere no comportamento do grupo, interfere na atitude individual de cada membro da organização, resultando numa configuração impar de cultura organizacional.



Teorias modernas sobre cultura
A utilização da antropologia para a análise organizacional deve-se ao fato de que esta área do conhecimento consegue abranger as dimensões da linguagem, do simbolismo, do espaço, do tempo e da cognição. A abordagem antropológica intensificou-se na década de 80, inclusive gerando críticas pelo uso acrítico, explicando tudo e qualquer coisa através do conceito de cultura. Porém, para seus defensores o grande mérito desses estudos foi justamente chamar a atenção para a dimensão simbólica que permeia a organização e os seus grupos. A necessidade de encontrar os significados das relações entre os elementos da cultura de uma organização e que dão sentido ao quotidiano das mesmas justifica o apelo ao estruturalismo, do qual Geertz (1989) é um dos representantes.

Para Geertz (1989: 15) o conceito de cultura é essencialmente semiótico, que vem de encontro com o pensamento de Max Weber "que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu". Geertz concebe a cultura como uma "teia de significados" que o homem tece ao seu redor e que o amarra. Busca-se apreender os seus significados (sua densidade simbólica).

Um dos métodos utilizados para entender a cultura é a descrição etnográfica que se baseia nas palavras dos informantes e o pesquisador interpreta-a e compartilha os significados juntamente com seus informantes, ou seja, aqueles que na verdade possuem o roteiro simbólico do que concebem e articulam logicamente entre suas visões de mundo. O respeito rigoroso à visão que os nativos têm sobre os aspectos analisados (sobre si mesmo, seus conhecimentos e práticas cotidianas, sua concepção do mundo) é fundamental.

Ao se analisar a cultura organizacional sob a ótica antropológica, faz-se necessário interpretar e decodificar a visão de mundo subjacente aos sistema de gestão utilizados e praticados pelas organizações. Pois a prática etnográfica estabelece relações e sendo assim é dialógica, ou seja é uma via de mão dupla, na qual o mesmo objeto ou fato deve ser visto e sentido do mesmo modo, o que requer uma descrição densa do que se está diagnosticando, que segundo Goodenough apud Geertz (1989: 21) "a cultura (está localizada) na mente e no coração dos homens".

Alguns estudiosos contemporâneos tal como Schein, apresentam alguns modelos para diagnosticar a cultura organizacional. Para Schein apud Monteiro et.al.(1999: 74) as categorias para investigar o universo cultural de uma organização são:

1) Analisar o teor e o processo de socialização dos novos membros;

2) Analisar as respostas a incidentes críticos da história da organização;

3) Analisar as crenças, valores e convicções dos criadores ou portadores da cultura;

4) Explorar e analisar junto a pessoas de dentro da organização as observações surpreendentes descobertas durante as entrevistas.

As categorias apresentadas por Schein vem sendo largamente utilizadas nas investigações sobre cultura organizacional, inclusive se tem chegado a algumas conclusões tais como: a importância do papel dos fundadores da organização no processo de moldar seus padrões culturais, que imprime sua visão de mundo aos demais membros da organização e, também sua visão do papel que a organização deve desempenhar no mundo.

Dentre os estudiosos da atualidade encontra-se Fleury, que apresenta o seguinte conceito de cultura organizacional:
“Cultura organizacional é um conjunto de valores e pressupostos básicos, expressos em elementos simbólicos que, em sua capacidade de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organizacional, tanto agem como elementos de comunicação e consenso, como ocultam e instrumentalizam as relações de dominação.” (Fleury, 1991: 06).

Smircich apud Monteiro et al. (1999: 73-74) propõe duas linhas de pesquisa a serem seguidas na investigação da cultura organizacional que são:

1) A cultura como uma variável, como alguma coisa que a organização tem, estas variáveis são independentes externa (cultura da sociedade onde a organização está inserida) e interna (produtos culturais como lendas, ritos, símbolos).

2) A cultura como raiz da própria organização, algo que a organização é, considerando a organização como um fenômeno social.

A cultura não é determinante nas tomadas de decisões em uma organização, mas influencia sobremaneira nas diretrizes e práticas a serem adotadas, pois é um instrumento de poder a ser utilizado pelos gestores.



Uma visão antropológica
Para Beyer & Trice (1986), o rito se configura como uma categoria analítica privilegiada para desvendar a cultura das organizações, que é composta por redes de concepções, normas e valores, que são tão tomados por certos que permanecem submersas à vida organizacional. Para Horton & Hunt (apud Fleury, 1989), a cultura é tudo aquilo que é apreendido e partilhado pelos membros de uma sociedade. Esse conceito utiliza-se do método funcional, ou seja, a sociedade sofreu segmentação causada pela divisão de trabalho. Para Hofstede (apud Fleury, 1989), a cultura se baseia em modelo de pensamento que se transfere de pessoa para pessoa. Apesar desses pensamentos situarem-se na mente das pessoas, ficam cristralizados nas instituições e nos produtos tangíveis de uma sociedade.

Já para Horton & Hunt (1980), a cultura é tudo aquilo que é socialmente apreendida e partilhada pelos membros de uma sociedade. Desta forma, conclui-se que a antropologia funcional explica a gênese da cultura de uma sociedade e que as subculturas nasceram dentro deste mesmo processo funcional, pelo motivo de a sociedade ter sofrido segmentação causada pela divisão de trabalho e ainda que cultura é adequada por surgir uma necessidade a ser satisfeita, e se manteve porque se provou ser conveniente para um fim colimado.
Lakatos (1979) define que a cultura é um modelador de comportamento e está presente em qualquer agrupamento de pessoas com características próprias a cada um deles. Malinowski (1965) afirma que a cultura não é estática e que acompanha as modificações da sociedade; desta forma conclui-se que a organização formal é dinâmica e assim se transforma de acordo com as interações sociais.

 

CHAUÍ, Marilena. Cultura e democracia: o discurso competente e outras falas. 3 ed. São
Paulo: Moderna, 1982.
_______. Convite à filosofia. São Paulo: Ática. S/d.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
Científicos, 1989.                                                                                                                                LARAIA, Roque. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 1988.                 VAZ S. J., Henrique de Lima. Cultura e universidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1966.
(Coleção educar para a vida. V. 10).